Lições de Vida

05/01/2012 16:37
Aqui vai o primeiro "Dividindo Histórias" do site, estava lendo o site da querida Dra. Claudia Martins, em https://janelasdocoracao.com/ e vi esse texto lindo e achei que seria perfeito para compartilhar com vocês.
 
Dra. Claudia muito obrigada por autorizar a publicação.
 
Grande beijo!
 
 
 
LIÇÕES DE VIDA QUE APRENDI COM MEU CACHORRO SUGAR
Temos o Sugar há oito anos. Ele é um cachorrinho fofo, um docinho de coco, branquinho e adorável – um Bichon Frisé. Nestes últimos anos aprendi muito com ele, mas no final deste ano de 2011 foi ele quem mais me marcou e ensinou. Foi como se eu já tivesse aprendido muitas coisas, mas finalmente pudesse entender o que é o amor de um cachorro, e também o significado desse amor. Aprendi lições valiosas que me mostraram o quanto esses bichinhos são sensíveis e instintivamente sábios. Quem tem cachorro certamente sabe do que eu estou falando.

Depois que meu filho nasceu, naturalmente, meu tempo ficou mais curto. Estive envolvida com minha criança em primeiro lugar, além de tantos outros compromissos como trabalhar, estudar, lecionar, participar de workshops, arrumar a casa, manter um blog, escrever para o jornal, etc. Por várias vezes pensei em procurar uma nova família para o Sugar. Cheguei a falar com os amigos mais próximos e pedir ajuda. Cada dia, me sentia mais culpada por não dar o carinho e a atenção que ele tanto merecia e pedia.

Como passo muito tempo fora de casa, frequentemente quando chego não tenho ânimo suficiente para levá-lo para passear. O resultado disso foi o hábito que o Sugar criou de fugir de casa para passear pelo condomínio. Quando isso acontecia me via forçada a deixar tudo que estava fazendo, pegar meu filho e juntos saírmos correndo atrás dele. Em algumas ocasiões, o Sugar corria tão rápido que era mais fácil pegarmos o carro e ir atrás dele. Muitas outras vezes um vizinho bem intencionado acabava o trazendo de volta. Ou então ele voltava sozinho.

Isto aconteceu inúmeras vezes, até recentemente eu chegar em casa com meu filho de 3 anos apertadíssimo para ir ao banheiro. Fiz a escolha responsável de uma mãe, de primeiro levá-lo ao banheiro para depois sairmos atrás do Sugar. Infelizmente, minutos depois Sugar já não se encontrava nas proximidades de nossa casa. Chamamos, gritamos seu nome, pegamos o carro e demos voltas até ficar tontos, mas nada. Voltamos para casa sem o Sugar, mas com a esperança de que ele voltaria. Passaram-se horas, e não aguentei. Saí dirigindo, desta vez sozinha, para ver se encontrava meu cãozinho. Já era 10 da noite e nada. Voltei para casa sem deixar meu filho perceber minha preocupação – apenas disse que o Sugar voltaria em breve. No meio da noite, acordei com ele latindo, e corri para porta – mas eu estava apenas sonhando.

Lição em processo de aprendizado intenso: valorizar as pessoas. Sua falta de tempo e atenção, pode fazer até um cachorro (considerado o animal mais leal, e o melhor amigo do homem) não voltar mais, ou encontrar uma outra casa mais aconchegante.

Não dei vazão a estes pensamentos, afinal de contas, não sou tão ruim assim, só não tinha mais tempo, nem para mim, nem para o Sugar. Tentei não ser tão drástica e dura comigo – os sentimentos que estavam sendo gerados me causavam dor e sofrimento.

O próximo insight que tive foi: será que muitas vezes em nossos relacionamentos não acabamos negligenciando o valor das pessoas e das circunstâncias em nossa vida? Como diria a expressão em inglês: “taking people or things for granted” – como nossa família, amigos, saúde, casa, carro, emprego, comida, etc.? Vivendo dia após dia crendo que estas pessoas ou pertences sempre estarão à nossa disposição? Será que o celular, as mensagens de texto, o computador, o facebook, não estão consumindo demasiadamente nosso tempo? Ferramentas que foram inventadas para aproximar as pessoas não estão, ao invés disso, lhe afastando das pessoas que estão próximas?

Outro pensamento que me veio à mente era de que provavelmente Sugar devia estar na casa de alguém, sendo bem cuidado, e recebendo a atenção que há tempos eu já não lhe dava – e ele devia estar feliz. Sugar havia encontrado uma nova família, um novo lar. Não era isto afinal que eu tanto queria durante os últimos 3 anos?

Lembranças recentes começaram a se desenrolar como um filme pela minha mente, e me detive nas boas lembranças e nos momentos que passamos juntos. No segundo dia sem o Sugar tive que reagir com mais firmeza e, ouvindo minha intuição, liguei para a clínica veterinária que recentemente havia o atendido.
O conteúdo da ligação foi: “Aqui é Claudia Martins. Meu cachorro Sugar fugiu. Por favor, se alguém o encontrar, me ligue, estamos muito preocupados, meu filho não para de perguntar por ele.” A recepcionista foi cortês, anotou meu telefone e a descrição do Sugar. Menos de 30 segundos depois me retornou a ligação, perguntando quando ele havia fugido, e eu respondi há quase dois dias. Foi quando ela, toda eufórica, disse: “uma pessoa ligou ontem e disse ter encontrado um bichon frisé; aqui está o número, ligue para ela”. Parei o carro e não conseguindo encontrar uma caneta, escrevi o número com batom mesmo num pedaço de papel.

Liguei, caiu na caixa de mensagem, deixei um recado. Não pude me conter, e após 5 segundos liguei novamente. Uma mulher atendeu. Demonstrando muita simpatia, ela me contou como Sugar apareceu na sua porta naquela noite de terça-feira. Ela estava no telefone, e como o sinal não estava muito bom, ela resolveu ir para fora de casa. Foi quando viu um cachorrinho branco perdido, em frente de sua casa e o levou para dentro. Ela e suas 4 filhas cuidaram dele.

No dia seguinte, ligou para todas as clínicas veterinárias da região descrevendo o cachorrinho que havia encontrado. Por ser um cachorro bonito, bem cuidado, saudável e obediente, ela imediatamente pensou: “alguma família deve estar sofrendo – este cachorrinho pertence a uma boa família.” Nesses segundos em que eu e Marysol conversávamos, ela perguntou seu nome. Quando eu disse Sugar, e ele ouviu minha voz, começou a latir e ficou todo eufórico. Ela disse em tom amável: “Sugar, sua mãe te encontrou, você vai para sua casa.” Mais uma lição de amor incondicional que vivenciamos naqueles instantes -, e também uma lição de perdão, pois ele perdoava minha falta de tempo e minhas falhas. Não pude conter as lágrimas!

Combinamos de nos encontrar o mais rápido possível, e quando Marysol estacionou o carro vi o Sugar – no colo de uma criança, também todo feliz em me ver. Abracei Marysol como se abraça uma amiga que se conhece e ama há muito tempo. Agradeci com lágrimas nos olhos.

Quando meu filho viu o Sugar deu o sorriso mais lindo do mundo e abraçou seu cachorrinho com muito amor. As primeiras palavras que ele disse foi “O Sugar é MEU cachorrinho branco e fofinho. E eu amo o Sugar”. Nunca tinha presenciado tanto amor dele para com o Sugar como naquele momento. Outra lição que aprendemos: ainda existem pessoas maravilhosas neste mundo, como Marysol. Ela não apenas deu abrigo para o Sugar, mas fez o que estava em seu alcance para reuni-lo com sua família.

Aprendi a enxergar além do que vejo; entendi de uma vez por todas que palavras não têm importância nenhuma sem ações concretas que as sustentem. Se for para acreditar, que acreditemos nas ações, pois elas sim exprimem a verdade de cada um. Parabéns a Marysol, pessoas como ela fazem a diferença neste mundo. Que todos nós possamos andar uma milha a mais do que se espera de nós!

Desejo a cada leitor um 2012 Fantástico, cheio de Doçura e Amor! Valorize as pessoas que ama! Demonstre seu amor com ações. Perdoe, e acima de tudo AME – sem esperar recompensas, sem exigir nada, sem cobranças. Sugar me ensinou que pequenos gestos de atenção valem muito, e compartilhar nosso tempo com aqueles que amamos não tem preço – este é o maior e melhor presente que podemos dar a quem amamos. Ah, e por falar no Sugar, ele está bem pertinho da porta neste exato momento, me mostrando que precisa de um passeio. Vou terminar o artigo e passear com meu querido Sugar. Afinal, se eu não o valorizar, alguém irá. E de uma coisa estou certa, não quero mais ficar sem ele.